“Adiar até amanhã o que podes fazer hoje é como empurrar o futuro para um futuro distante.” (Jean Eber November)
A procrastinação destrói o nosso potencial de sucesso e realização, leva-nos a desvalorizar-nos, a desistir dos nossos sonhos e a deixar de viver a vida dos nossos sonhos.
Este palavrão difícil de pronunciar etimologicamente, “procrastinação” tem origem a partir do latim pro–crastinatus, pro–crastinare, que significa pro é adiante e crastinatus faz referência ao futuro. Na verdade refere-se “à frente de amanhã”, na tradução literal.
A habilidade de adiar faz parte da vida da maioria das pessoas. O flagelo da procrastinação é doloroso para a pessoa que exerce essa “actividade” mas em qualquer momento da nossa vida já procrastinámos. Já deixámos para depois…
A grande questão é quando o hábito de adiar torna-se uma constante na vida das pessoas, por vezes é um processo inconsciente. Uma vez que se acredita profundamente que está a fazer o que é certo, há uma evasão de responsabilidade ou o facto de estar a realizar outras tarefas que servem como refúgio e desculpa.
Quem procrastina por norma não está a ser preguiçoso, pelo contrário, é bastante ativo! É uma fuga para não ter que fazer o que realmente é prioritário. Do ponto de vista psicológico, a procrastinação é um problema de regulação emocional. Já a preguiça ou a desorganização são questões mais gerais, uma pessoa preguiçosa vai ter sempre esse comportamento.
O alívio momentâneo que sentimos quando procrastinamos é o que torna o ciclo especialmente vicioso. O nosso cérebro está programado para fugir da dor, sempre que temos sentimentos negativos em relação a algo que tem que ser realizado. Somos levados para a procrastinação.
Aquilo que começou por ser um alívio, no final vai gerar no indivíduo uma grande ansiedade, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não estar a cumprir com as suas responsabilidades e compromissos.
Este conflito interno vai sendo cada vez mais debilitador, Roy Baumeister, um influente psicólogo, diz que a procrastinação é um “padrão de comportamento autodestrutivo marcado por benefícios a curto prazo e custos a longo prazo”.
Para compreender a origem da procrastinação, é preciso compreender a sua própria angústia, e os seus medos e inseguranças. A partir do momento que trás para a consciência os verdadeiros motivos começa o verdadeiro desafio de poder fazer frente ao autoflagelo que é a procrastinação.
Tipos de Procrastinação
– Procrastinação por evasão – Procrastinar é um comportamento subtil de “fuga” por medo de fracassar ou por sentimentos de vulnerabilidade diante de uma tarefa.
Exemplo:
“Uma pessoa que deseje muito tornar-se um escritor, por exemplo, pode até dar os primeiros passos na direção da sua nova carreira (ou hobby).
Mesmo que de forma não consciente, a ideia de produzir um qualquer texto ou algo do género pode causar sentimentos desagradáveis, como o medo de falhar, fazer algo que não seja apreciado por outros, ou até mesmo o facto frustrar-se com o resultado por não ter sido aquilo que tinha pensado.
Desta forma, o aspirante a escritor começa a procrastinar, de modo a evitar esses sentimentos provenientes da possibilidade de falhar em fazer aquilo que quer.”
– Procrastinação por ativação – Revela-se na situação de ter que realizar uma tarefa e que vai sendo protelada até à data limite em que não há outra hipótese.
Exemplo:
Ter um trabalho para entregar na faculdade, e só vai ser realizado quando não é possível fugir mais, porque já está no deadline do prazo.
Já está no limite da dor, ou seja o facto de não entregar o trabalho será uma dor maior e terá consequências na nota ou a possibilidade de reprovar na disciplina. Ou seja é uma pessoa que se motiva pela “dor”!
– Procrastinação por indecisão – Uma pessoa que dedica tempo em excesso a pensar como realizar uma tarefa, ou cria muitas opções. E durante esse período está numa atividade mental em forma de diálogo interno. Acabando por não avançar…
Estratégias para ultrapassar a Procrastinação:
– Eliminar as distrações – Afastar todos os estímulos que são tentadores para a não realização da tarefa. Exemplo disso é afastar-se dos gadgets, não ceder à tentação das redes sociais que são uns verdadeiros ladrões de tempo.
– Estabelecer um horário – Organizar o tempo e a agenda. Fazer um organograma uma lista e ir monitorizando e riscando cada tarefa para isso é possível utilizar algumas aplicações para o efeito. Realizar pausas a cada período de tempo. Por exemplo usar a técnica do Pomodoro (é um método de gestão de tempo desenvolvido por Francesco Cirillo no final dos anos 1980. A técnica consiste na utilização de um cronômetro para dividir o trabalho em períodos de 25 minutos, separados por breves intervalos).
– Estabelecer objectivos –É fundamental para ter a noção para onde está a dirigir-se. Os objetivos devem estar claros e bem definidos e devem ser mensuráveis. E obriga a manter um foco. Pode ser aplicado o método de Eisenhower pelo qual são definidas as tarefas urgentes e importantes, as tarefas urgentes, mas não importantes, as tarefas importantes, mas não urgentes e, finalmente, as tarefas que não são importantes nem urgentes. Este método permite ver com mais clareza as prioridade em cada área da vida.
– Simplificar tornando a tarefa em tarefas mais pequeninas – Tornando a “grande” tarefa em tarefas cada vez mais pequenas dá força e energia para realizar cada “pequena tarefa”, e dessa forma não estar concentrado no final mas sim no decorrer de cada uma.
– Recompense-se – Depois de concluir uma tarefa, não hesite em se recompensar. Isso vai permitir que fique satisfeito com o trabalho realizado e, portanto, distanciará a sua tentação de procrastinar. Dessa forma, ao recompensar os seus esforços, vai aumentar a sua autoestima, a sua confiança e amor-próprio!
Importante não se esquecer que será um caminho de crescimento. Pode acontecer que mesmo tendo consciência do que está acontecer venha ceder à tentação de adiar até amanhã, não se culpe, não desanime, isso acontece com todos nós.
Tenha Compaixão por si próprio! Não somos máquinas somos pessoas que falhamos no processo de aprendizagem.
Cláudia Martins