
Cada um de nós comporta em si uma história, vivências do passado, composta por tudo o que vivemos até aos dias de hoje. Muitos dos que foram os acontecimentos, foram esquecidos ou armazenados em algum lugar, ao longo do caminho. Entretanto, muitos de nós aprendemos a reprimir as emoções, especialmente aquelas consideradas “negativas”, com a intenção de sermos aceites. No entanto, existem eventos da nossa vida que são mais marcantes e que influenciam as nossas ações e decisões do dia-a-dia. A longo prazo, nada nos retira tanta capacidade como as nossas feridas emocionais. Podemos considerar feridas emocionais, todas as memórias que fazem disparar as mesmas emoções que experienciámos no momento dos acontecimentos negativos e arrebatadores. É como que um gatilho externo, que vem para nos recordar o acontecimento indesejado e altera o nosso estado de espírito, provocando dor emocional.
“A mente humana é um processo relacional e incorporado que regula o fluxo de energia e informação.” Daniel J. Siegel
As emoções que não foram resolvidas ficam presas no nosso corpo, onde se acumulam, levando ao esgotamento, ao desequilíbrio emocional e por fim, à doença. Quando reprimimos as emoções cronicamente, criamos toxicidade no nosso corpo, mente e coração.
Recordo-me em criança, de me esconder para chorar, porque tinha que ser forte e comportar-me como uma menina crescida. E eramos educados que as crianças não têm problemas de maior e era tudo passageiro … Havia pouca expressão emocional permitida. Ninguém estava lá para nos validar ou ajudar-nos a processar as emoções de maneira saudável.
Na verdade, fomos crescendo e todos nós, ocasionalmente, escondemos as nossas emoções. Fingimos, evitamos e negamos emoções desconfortáveis num esforço de auto preservação, como um mecanismo de defesa.
A grande maioria das pessoas, que têm na sua história de vida acontecimentos que os prejudicaram, maltrataram ou que passaram por grandes dificuldades. Passam por momentos de angústia sempre que isso de alguma forma vem à sua memória, condicionando-lhes inevitavelmente as suas atitudes e ações. Se percebermos que podemos mudar o significado, que podemos libertar-nos dessa carga negativa, demos o primeiro passo para uma viagem de reestruturação.
As 3 etapas, para libertar a dor emocional:
Em primeiro lugar precisamos de aprender a reconhecer e aceitar os nossos sentimentos, à medida que eles vêm e vão.
Etapa 1: Reconhecer (autoconsciência)
O sofrimento humano é causado pela resistência ao que acontece no momento. A aceitação é libertadora e aceitar a nossa experiência momento a momento, em vez de fugir dela é algo transformador. Ensina-nos a enfrentar qualquer dificuldade de frente, com auto compaixão e com a compreensão de que acabará por passar.
Etapa 2: responder (autoexpressão)
As emoções precisam ser expressas para serem processadas. A verdadeira cura ocorre quando o corpo e a mente se integram, portanto, expresse a emoção ao nível corporal em primeiro lugar. Poder-se-á dar o caso de sentir necessidade de chorar, gritar… o que quer que tenha vontade de fazer deve fazê-lo porque vai ser catártico, vai libertar-se dos seus grilhões do passado.
Etapa 3: Redefinir (autocuidado)
Se habitualmente, negligenciamos as nossas emoções e o nosso corpo, temos que reaprender a cuidar da mente e do corpo, entregar-nos a hábitos de cura que trarão a sensação de bem-estar. O objetivo é realinhar-se com o seu eu autêntico.
Ao longo da nossa jornada temos que nos perdoar e deixar fluir o processo de reconstrução à medida que as feridas emocionais vão sendo curadas. Ao libertar essa energia emocional que está presa, pode ir fazendo a mudança da sua vida de uma maneira positiva. É curador e libertador!
Cláudia Martins