
O que aconteceu para não confiares em TI?
Vivermos a nossa vida sempre acompanhados pela insegurança é sem dúvida um grande peso. Passarmos o tempo a duvidar de tudo, sobretudo quando estamos permanentemente a colocarmo-nos em causa, é um dos grandes impedimentos para alcançar a realização pessoal. Andar sempre com medo e sem confiança é semelhante a fazer equilibrismo em cima de uma corda e tentar não cair.
Poderás ter sentido insegurança toda a vida e não teres consciência de onde vem essa mesma insegurança. Este estado emocional, pode estar associado a um sem número de motivos.
Uma infância pobre em estímulos e ausência de proteção pelas figuras paternais, que são a nossa estrutura emocional em criança. Por outro lado, um excesso de superproteção, pode criar dificuldades em tomar decisões, ou quando tomadas são a medo. As vivências tidas em vários contextos podem também ser o motivo gerador de insegurança. Situações traumáticas em contexto profissional ou relacionamentos afetivos.
“A desconfiança é a mãe da insegurança”.
-Aristófanes
A ausência de autoconfiança, faz com que a pessoa não acredite no seu potencial, não se acha merecedor de um elogio. Tenha receio de expor-se e mostrar o seu valor, por medo de ser criticado. Por não se achar bom o suficiente, procura por vezes validação externa para se sentir mais seguro.
O autoconceito é a opinião que a pessoa tem dela própria, auto imagem. O seu autoconceito pode estar com perceções distorcidas da realidade. Imaginemos a situação de um colega que chega ao trabalho, passa por um outro colega e não o cumprimenta. Se tiver uma imagem de si próprio de inferioridade começa com um diálogo interno (destrutivo/enfraquecedor), do género: não me quis cumprimentar…se calhar até fingiu que não me viu…até se questiona se fez alguma coisa de errado…e por aí adiante.
Agora vamos analisar a situação, com o distanciamento necessário. Pode ter acontecido que o colega ia distraído e nem se apercebeu. Podia estar aborrecido e não querer falar com ninguém e pode também não ter efetivamente querido cumprimentar.
Neste caso a pessoa que está com perceções distorcidas está a dar mais importância ao outro achando-se não merecedor e o comportamento do colega acaba por ter um grande impacto não sua forma de estar e ser.
A soma do Auto-conceito e da Auto-estima leva-nos ao conceito que temos de nós mesmos. É uma visão da nossa pessoa e esta visão vai-se modificando ao longo da vida em função das experiências, circunstâncias e do contexto que nos rodeia. (Coll, Palacios & Marchesi, 2004)
A autoestima é a soma de dois componentes: o sentimento de competência pessoal (autoconfiança) e o sentimento de valor pessoal (auto-respeito). Ela reflete a capacidade de entender e lidar com os problemas, de defender os desejos e necessidades, de nos sentirmos ajustados à vida, seguros e merecedores de abundância. Desfrutar de um bom nível de autoestima é vivenciar a autoconfiança intelectual e a certeza interior de que se é merecer do que há de melhor no mundo.
Acontece por vezes, que até são pessoas seguras, autoconfiantes, mas estão permanentemente a ser alvo de comentários destrutivos ou colocados em causa por tudo o que fazem ou dizem. Pelo chefe, colegas de trabalho ou mesmo familiares próximos.
Passo a citar Exemplos:
Não prestas;
És ignorante;
Nunca estás com atenção;
És sempre a mesma coisa;
Estás sempre a cometer os mesmos erros;
Etc
A pessoa que até então se considerava segura, começa a sentir-se insegura, com medo de fazer o que quer que seja para não ser alvo de críticas. E nesse momento inicia-se um processo em espiral descendente. Em que fica com baixa autoestima e consequentemente baixa autoconfiança.
A melhor forma para se trabalhar a insegurança emocional, é a tomada de consciência do seu verdadeiro valor. Acreditar em nós mesmo é um trabalho diário porque a vida vai estar sempre a colocar-nos à prova. Assumirmos que somos seres humanos, com falhas e quando alguém nos apontar algo, em vez de pensarmos que não servimos para nada, agradecermos a oportunidade para nos fortalecermos.
Darmos valor a nós próprios é um dos presentes mais bonitos que podemos oferecer-nos na vida. Confiar em nós e nas nossas capacidades é uma escada que termina na evolução e no crescimento pessoal.
Cláudia Martins